Estudos Arqueológicos ITABIRITO “Pedra Aguda” no vocábulo indígena ITABIRITO Uma breve história Conforme informações do IBGE e da Prefeitura Municipal de Itabirito, a história do município, assim como de muitos outras do estado mineiro, foi impulsionada a partir da busca por ouro e metais preciosos no início da colonização brasileira. Segundo relatos, em meados de 1660, a região foi alvo de investidas das bandeiras de Fernão Dias Pais Leme e Borba Gato, que deram início ao desbravamento da região. Mas segundo estudos realizados na região central de Minas Gerais, antes da chegada dos bandeirantes portugueses, a região já era povoada por diferentes grupos indígenas, entre eles, o denominado Arêdes. O grupo se encontrava na Cadeia do Espinhaço na altura das cabeceiras do Rio das Velhas. Com a descoberta de ouro no final do século XVII, colonos e portugueses foram atraídos para a região. Com isso, o grupo Arêdes, foi obrigado a se mover para outras regiões. Com o início da exploração aurífera, o povoamento da região foi aumentando. Os primeiros núcleos de habitação se deram no início do século XIX, no entorno de locais estratégicos para a realização das atividades de mineração como a Cata Branca, Córrego Seco, Arêdes, Bragança, Pé de Morro e Pico de Itaubyra, conhecido hoje como Pico do Itabirito. Devido a sua importância econômica e sua estratégica localização, essas regiões se tornaram alvo de disputas desde o século XIX. Devido a sua importância econômica e sua estratégica localização, essas regiões se tornaram alvo de disputas desde o século XIX. Outro local importante que contribuíram com o povoamento na região foi a mina de Arêdes, que deu origem ao povoado com mesmo nome. A localidade surgiu junto com o arraial de Itaubira, atual Itabirito, com data referente a 1709. Pico do Itabira visto do Norte. Desenho de F. J. Stephan (ca.1840).LitografiadeA.Brandmeyer (in Martius, C. Ph. F. von, 1906. Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Figur a-04-Pico-do-Itabira-visto-do-Norte-Desenho-de- F-J-Stephan-ca-1840_fig3_304117730 Itabira foi no início a paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, tomando o nome de “Itaubyra”. No ano de 1745 a região, até então arraial, foi elevada à categoria de freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem da Itabira do Campo. Com a crise do ouro no final do século XVIII, a então freguesia teve sua economia intensamente impactada, tendo uma redução das atividades minerárias, se fortalecendo então das atividades agrícolas e pecuárias até meados do século XIX. Mesmo com a crise, as atividades minerarias prosseguiram na região. A Mina de Cata Branca, propriedade de uma empresa inglesa, foi uma importante mineradora no período, tendo instalado um dos principais processos tecnológicos de mineração subterrânea existentes no Brasil durante a primeira metade do século XIX. O cenário econômico voltou a ser alterado devido ao acidente oriundo de desabamento na mina em 1844. Com esse trágico ocorrido e os maus rendimentos de outras lavras, colaboraram para que a crise econômica aumentasse os seus efeitos na freguesia de Itabira do Campo. Com o passar dos anos as reservas auríferas foram se esgotando e, pouco, as antigas minas eram abandonadas, hoje restando apenas as ruínas que lembram aqueles áureos tempos. A partir desse desenvolvimento econômico, deu-se início ao processo de emancipação do município. Em vista disso, em 1924, foi elevado à categoria de município com o nome de Itabirito, vocábulo indígena significando pedra aguda. Mapa de Localização do empreendimento CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO A denominada Área 1 do projeto Várzea do Lopes - de interesse da Gerdau Açominas S.A. - localiza-se na serra da Moeda, extremo oeste do Quadrilátero Ferrífero. Na área, onde a empresa desenvolve atividades de exploração de minério de ferro, as jazidas estão posicionadas na base da serra, caracterizando-se como um dos principais limites dessa unidade geomorfológica, inserida na bacia do rio das Velhas, no município de Itabirito - MG. A mina Várzea do Lopes foi licenciada ambientalmente para a produção de minério de ferro, tendo sido prevista a ampliação da área de cava, a ampliação da pilha de estéril. Na área da mina Várzea do Lopes, está prevista uma planta de beneficiamento de minério a seco, contemplando a atividade de britagem primária e as pilhas de produtos. O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas (IPHAN). Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis como as cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos (IPHAN). PATRIMÔNIO MATERIAL BENS IMÓVEIS A igreja de Nossa Senhora do Rosário é tombada pelo IPHAN desde o ano de 1955. O bem móvel possui data que remete a meados de 1740. Devido ao seu estilo arquitetônico, marcada pela técnica escultórica de madeira talhada, sua localização e antiguidade, se tornou um marco histórico sobre a formação do município. Foto: http://portal.iphan.gov.br/ mg/galeria/detalhes/361/ Fonte: https://itabirito.mg.gov.br/ ponto-turistico/igreja-nossa -senhora-do-rosario/ O Brasil possui mais de 26 mil sítios arqueológicos cadastrados e reconhece a importância desses bens como representantes dos grupos humanos responsáveis pela formação da identidade cultural da sociedade brasileira (IPHAN). São considerados sítios arqueológicos os locais onde se encontram vestígios positivos de ocupação humana, os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento, "estações" e "cerâmicos”, as grutas, lapas e abrigos sob rocha, além das inscrições rupestres ou locais com sulcos de polimento, os sambaquis e outros vestígios de atividade humana (IPHAN). PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO O Sítio Arqueológico de Arêdes abriga as ruínas das áreas de ocupação da antiga fazenda e mina, que durante no início do século XVIII, foi considerado de suma importância para o desenvolvimento regional. As estruturas que compõem o sítio referem- se a casa-sede, a senzala ou comércio, a capela e o curral de pedras, que pertenciam às antigas Fazendas Águas Quentes e Arêdes, que indicam a exploração de atividades ligadas à mineração, à lavoura e à criação de gados. Sítio Arqueológico de Arêdes Casa-sede – janela conversadeira Fotos: Relatório Final Pesquisa Histórico- Arqueológica sobre Aredes – Município de Itabirito / MG SÍTIO ARQUEOLÓGICO LAPA DO CABOCLO DIAMANTINA-MG Ponta de projétil em quartzo BENS MÓVEIS Solari, Isnardis, Linke (2012). Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas) (IPHAN). O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana (IPHAN). PATRIMÔNIO IMATERIAL Modo de Fazer Pastel de Angú O modo de fazer do Pastel de Angu de Itabirito é tombado como um Bem Imaterial de domínio público pelo Decreto n°9125, de 10 de dezembro de 2010, devido ao seus valores históricos, cultural e simbólico, efetivando assim, sua preservação, conservação e valorização. https://itabirito.mg.gov.br/noticia/ita birito-celebra-o-pastel-de-angu- com-uma-festa-virtual/ A história da criação da receita remete aos tempos da escravidão, onde as escravas reaproveitavam a sobra do angu, transformando em um bolinho que recheavam com umbigo de banana, uma vez que eram escassos os recursos alimentícios, como a carne. Após enrolados e recheados, os bolinhos eram fritos. A comida típica faz parte do universo sociocultural dos habitantes. A tradição do modo de fazer o pastel vem sendo transmitido de geração a geração, estimulando a memória e identidade local. O patrimônio natural é formado por monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas, formações geológicas e fisiográficas, além de sítios naturais (IPHAN). As formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que constituem habitat de espécies animais e vegetais ameaçados, com valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação; Os locais de interesse naturais ou zonas naturais estritamente delimitadas, com valor universal excepcional do ponto de vista a ciência, conservação ou beleza natural (IPHAN). PATRIMÔNIO NATURAL PICO DO ITABIRITO OU ITABIRA Foto: IEPHA O Pico do Itabirito é considerado um marco geográfico, econômico, histórico e identitário do município. Foi utilizado como referência aos bandeirantes e aos viajantes que se deslocavam na região do Alto Rio das Velhas. Entendido como um Sítio da História da Geologia e da Mineração, foi tombado e recebeu declaração de monumento natural do Pico do Itabirito a partir do art. 84 dos Atos das Disposições Transitórias da Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989. Arqueologia ARQUEO= Antigo, Passado. LOGIA= Ciência, Estudo. Logo, a ARQUEOLOGIA é a ciência que estuda as sociedades humanas antigas, por meio dos vestígios da sua cultura material. Os resultados das pesquisas arqueológicas fornecem informações para que possamos conhecer, compreender as dinâmicas ocorridas nas organizações da humanidade, desde suas origens até os dias atuais. Imagem: Designed by vectorpouch REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOLARI, A.; ISNARDIS, A.; LINKE, V. Entre Cascas e Couros: os sepultamentos secundários da Lapa do Caboclo (Diamantina, Minas Gerais). Goiânia, v. 10, n.1, p. 115-134, jul./dez. 2012. BAETA, Alenice & PILÓ, Henrique (Orgs.). AREDES – Recuperação Ambiental e Valorização de um sítio histórico-arqueológico . Belo Horizonte, Artefactto Consultoria/SAFM/Orange Editorial, 2016. 372 p. Consultas Eletrônicas http://portal.iphan.gov.br/ (acesso em 26 de janeiro de 2021) http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/ Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf (acesso em 26 de janeiro de 2021) http://www.iepha.mg.gov.br/ (acesso em 26 de janeiro de 2021) https://cidades.ibge.gov.br/ (acesso em 26 de janeiro de 2021) https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ minasgerais/itabirito.pdf (acesso em 26 de janeiro de 2021) https://issuu.com/prefeituradeitabirito/docs/ livro_patrimonio_digital (acesso em 26 de janeiro de 2021) https://issuu.com/patrimonioculturalmpmg/docs/ estacao_ecologica_de_aredes (acesso em 26 de janeiro de 2021) http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e- acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens- tombados/details/1/80/bens-tombados-pico-do -itabirito-ou-do-itabira (acesso em 27 de janeiro de 2021) https://patrimoniocultural.blog.br/wp- content/uploads/2018/02/Pesquisa-Historico -Arqueologica-sobre-Aredes-Municipio-de-Itabirito.pdf (acesso em 27 de janeiro de 2021) Estudos Arqueológicos RESULTADOS ITABIRITO “Pedra Aguda” no vocábulo indígena Resultados Programa de Salvamento e Resgate Arqueológico e Programa de Educação Patrimonial na área do empreendimento “Várzea do Lopes - Área 1” As atividades do Programa de Salvamento e Resgate Arqueológico e Programa de Educação Patrimonial na área do empreendimento “Várzea do Lopes - Área 1” registrou-se estruturas relacionadas a área do sítio arqueológico Arêdes. Os Arrimos E055 e E056 são estruturas provenientes de canais arrimados, elaborados com escoramentos de rochas. Esses canais são interligados a um sistema hidráulico composto por açudes, cavas, escoramentos, etc. Resultados Programa de Salvamento e Resgate Arqueológico e Programa de Educação Patrimonial na área do empreendimento “Várzea do Lopes - Área 1” Pode-se relacionar os Arrimos E055 e E056 e o sítio arqueológico Muro de Pedra como resultantes dessas relações entre pessoas e os espaços, ficando registrado sua funcionalidade quanto componente estrutural de um sistema minerário, quanto das relações humanas ocorrentes nesse processo. Paisagem na área do Arrimo E056. Fonte: Brandt, 2020. Resultados Programa de Salvamento e Resgate Arqueológico e Programa de Educação Patrimonial na área do empreendimento “Várzea do Lopes - Área 1” Contudo, pode-se averiguar que os Arrimos E055 e E056 estão relacionados aos processos minerários desenvolvidos na região e que, o sítio arqueológico Muro de Pedras, aparentemente, possui características de local relacionado ao desenvolvimento de atividades de pecuária. O local é composto por diversas estruturas de pedra que se interligam e formam um cercado, aproveitando como componente a drenagem e o desnível do relevo. Apresenta ainda, estruturas de edificações como (alicerce, piso e escada). Paisagem na área do Arrimo E055. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra Sítio Arqueológico Muro de Pedra Perfil Leste/Oeste da Estrutura 01 Blocos sobrepostos “canjicado” Visada do muro de N/S. Fonte: Brandt, 2020 Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra Perfil Norte/Sul da Estrutura 01 Fonte: Brandt, 2020 Muro de pedra com canal associado. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra Extremidade lateral com evidenciação do encaixe dos blocos. Fonte: Brandt, 2020 Estruturas 03 e 04 com limpeza finalizadas. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra - escavação arqueológica Limpeza de Superfície da trincheira. Fonte: Brandt, 2020. Realização do nivelamento. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra - escavação arqueológica Croqui da Trincheira 01 - Nível 01 (0-10cm). Fonte: Brandt, 2020. Escavação do nível de 10-20cm. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra - escavação arqueológica Croqui da Trincheira 01- Nível 06 (50-60cm). Fonte: Brandt, 2020. Paisagem da Trincheira 01. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Muro de Pedra - escavação arqueológica Finalização do nível 50-60cm. Fonte: Brandt, 2020 Perfil estratigráfico da trincheira 01. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Arrimos E055 Sítio Arqueológico Arrimos E055 Arrimo E055. Fonte: Brandt, 2020. Limpeza da área do arrimo E055. Fonte: Brandt, 2020. Sítio Arqueológico Arrimos E056 Sítio Arqueológico Arrimos E056 Estrutura resgatada com seguimento do canal ao fundo. Fonte: Brandt, 2020. Rochas de composição da estrutura. Fonte: Brandt, 2020. Nos ajude com a proteção e preservação dos bens culturais de sua região. iphan-mg@iphan.gov.br (31) 3222 2440 www.iphan.gov.br/mg Denuncie qualquer ato destrutivo do patrimônio público. Este é o link para o QUIS sobre o tema desta cartilha. Vamos ver se você acerta todas questões. Boa sorte! Quer avaliar seu conhecimento? QUIZ +55 31 3071 7000 www. brandt .com.br