H OLDERCIM RASIL B S.A. P EDRO EOPOLDO L - MG C ONCEPÇÃO DE SO UTURO DA U F M INA AZENDA AMPINHO E F C Á REAS ERIFÉRICAS P Documento Versão Via Data HOL01001.DOC 01 BMA NOVEMBRO / 2001 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 3 EMPRESA RESPONSÁVEL POR ESTE RELATÓRIO Razão social: BRANDT MEIO AMBIENTE LTDA. CNPJ: 24.060.808/0001-22 http: Diretor: www.brandt.com.br Wilfred Brandt Nova Lima / MG - bmaics@brandt.com.br - Alameda da Serra, 322 - 6º and. - Vale do Sereno - 34 000 000 - Nova Lima - MG - Tel 0 (**) 31 3281 2258 Fax 0 (**) 31 3286 7999 São Paulo / SP - bmadsp@brandt.com.br - BMASP / Arquipélago Engenharia Ambiental Rua Tabapuã, 821 - 5º Andar - 04533-013 - São Paulo - SP - Tel./fax: 0(**) 11 3079-8940 Belém / PA - bmapa@brandt.com.br - BMAPA / Terra Meio Ambiente e Geologia de Engenharia Rua João Balbi, 143, Nazaré - 66055-285 - Belém - PA - Tel 0 (**) 91 230 2921 Fax 0 (**) 91 223 9838 EQUIPE TÉCNICA DA BRANDT MEIO AMBIENTE ESTA EQUIPE PARTICIPOU DA ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO E RESPONSABILIZA-SE TECNICAMENTE POR SUAS RESPECTIVAS ÁREAS TÉCNICO FORMAÇÃO / REGISTRO PROF. RESPONSABILIDADE NO PROJETO Markus Weber Eng. Florestal CREA-RS 36583/D Concepção e coordenação Daniel Malachias Valério Desenhista PRODUÇÃO GRÁFICA Eli Lemos gerenciamento / edição Natércio Barbosa montagem Eduardo Henrique - auxiliar de produção - - EMPRESA RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO Razão social: Endereço: HOLDERCIM BRASIL S/A Fábrica Pedro Leopoldo - Fazenda Vargem Alegre, s/n.º - Pedro Leopoldo - MG CEP: 33.600-000 Telefone: Fax: Contato: 0**31 660-9303 0**31 662-3832 Domício Simpliciano Chefe de Mineração HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 4 ÍNDICES Itens 1 - APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 5 2 - CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL DE MEIO AMBIENTE .................................................... 6 2.1 - Posição geográfica e aspectos da paisagem estudada .................................................... 6 2.2 - A rocha e o relevo regional................................................................................................ 9 2.2 - Do patrimônio espeleológico ........................................................................................... 11 2.3 - Espeleologia local ............................................................................................................ 12 2.4 - Aspectos gerais da cobertura vegetal da região ............................................................. 16 2.5 - Diagnóstico geral da avifauna regional ........................................................................... 17 3 - PROPOSTA CONCEITUAL PARA UTILIZAÇÃO FUTURA DA CAVA E DE SEU ENTORNO ............................................................................................................................. 18 3.1 – Introdução ...................................................................................................................... 18 3.2 - Pressupostos ................................................................................................................... 18 3.3 - Desenvolvimento da idéia ............................................................................................... 19 3.3.1 - Na cava exaurida da mina ........................................................................................ 21 3.3.1.1 - Núcleo administrativo e educativo ..................................................................... 21 3.3.1.2 - Horta comunitária e depósito de mudas para reflorestamento e arborização urbana ................................................................................................................ 21 3.3.1.3 - Implantação de um lago artificial ....................................................................... 22 3.3.1.4 - ECOMUSEU MINERO-AMBIENTAL - Museu de conteúdo histórico ambiental com base em exposição tecnológica de equipamentos de mineração ao longo dos séculos na região e no Brasil ..................................... 24 3.3.1.5 - Trilha de vivência ambiental ativa e patrimônio geológico ................................ 24 3.3.1.6 - Praça de esportes alternativos e fisioterapia em meio a natureza.................... 25 3.3.1.7 - Laboratório e exposição de métodos de reabilitação ambiental ....................... 27 3.3.1.8 - Auditório para shows de grande porte ............................................................... 27 3.3.2 - Paisagem do entorno da lagoa Sto. Antônio ......................................................... 29 3.3.2.1 - Projeto permanente de arborização urbana ...................................................... 29 3.3.2.2 - Reflorestamento das margens - mutirão didático .............................................. 29 3.3.2.3 - Criação de corredor faunístico entre a cava a mata de preservação e a lagoa .................................................................................................................. 29 3.3.2.4 - Implantação de área de lazer (Piquenique) ....................................................... 30 4 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 31 5 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................................ 32 ANEXOS ...................................................................................................................................... 35 ANEXO 1 - DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA ........................................................................... 36 Figuras FIGURA 2.1 - Inserção da área fazenda Campinho nas zonas da APA Carste de Lagoa Santa ...................................................................................................................... 7 FIGURA 2.2 - Croqui da gruta da Ciminas .................................................................................. 13 FIGURA 2.3 - Croqui da gruta da Correia ................................................................................... 14 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 5 1 - APRESENTAÇÃO A mineração a céu aberto talvez represente uma das necessidades mais antigas da humanidade. Os registros de mineração, na medida de sua evolução tecnológica, existem por todo planeta e remontam os primórdios da pré-história. Os métodos foram sendo modernizados e a invenção de máquinas e equipamentos de lavra, gerou inúmeros benefícios, também para outros setores da economia mundial. O rendimento da produção mineral foi aumentando e com ele também as demandas de gestão e planejamento, outra contribuição cultural da mineração ao longo dos séculos. Paralelamente a evolução do conhecimento da ciência levou a uma conscientização ambiental impensável a pouco mais de um século atrás, quando HAECKEL, 1866, pela primeira vez fazia uso da palavra Ecologia. Pois, sem entrar no mérito dos benefícios gerados pela mineração ao longo da História, o objetivo deste texto é lançar uma idéia que possa consorciar aspectos culturais e tecnológico do setor minerário com meio ambiente. O trabalho a seguir quer ser uma proposta conceitual de usos futuros da área de mineração de calcário da HOLDERCIM, denominado mina do Campinho. A idéia poderá ser amadurecida ao longo do desenrolar dos anos e do desenvolvimento regional. Para melhor orientação serão fornecidos, inicialmente, alguns dados no intuito de contextualizar o leitor em aspectos ambientais regionais e locais. Os dados para tal foram extraídos de trabalhos anteriores realizados pela BRANDT MEIO AMBIENTE recentemente. Após esta contextualização será apresentada a proposta e o desenvolvimento da idéia, incluindo figuras e desenhos. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 6 2 - CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL DE MEIO AMBIENTE 2.1 - Posição geográfica e aspectos da paisagem estudada A área em estudo se insere na região cárstica de Lagoa Santa ( sensu latu ), localizada a 40 Km ao norte de Belo Horizonte, mais precisamente na bacia de drenagem do córrego Samambaia, município de Pedro Leopoldo, MG. Limita-se a sul com a depressão poligonal dos Borges, a leste com mais duas depressões fechadas e a oeste com as vertentes da serra dos Ferradores. A norte e nordeste faz divisa com uma depressão poligonal aparentemente não conectada com a bacia do córrego Samambaia, mas sim com a bacia de drenagem Palmeiras/ Mocambo. Biogeograficamente, o planalto de Lagoa Santa situa-se em zona transicional de dois domínios fitogeográficos, Mata Atlântica e Cerrado (IBGE, 1993), e na província faunística Cariri-Bororó (MELLO-LEITÃO, 1980). As formações vegetacionais deste planalto foram classificadas por WARMING em 1892 ( WARMING & FERRI, 1973), como primitivas ou naturais, e secundárias ou in introduzidas. As matas cobriam margens de cursos d’água e afloramentos rochosos calcários; campos e cerrados revestiam superfícies aplainadas e solos menos férteis; brejos e lagoas ocorriam em várzeas; enquanto lavouras e pastagens substituíram estes ambientes em locais aplainados. A maior peculiaridade paisagística regional, contudo, corresponde a enclaves de vegetação decídua (semelhante à caatinga), sobre afloramentos calcários. Estes enclaves seriam originados de processos de expansão e retração dos climas secos, ao longo da evolução do continente sul-americano (AB’SABER, 1977). A despeito das profundas alterações desta paisagem primitiva, a distribuição original dos biótopos pode ser percebida pela composição de seus fragmentos remanescentes. A paisagem foi modificada a partir do século XIX (WARMING, 1892), com desmates extensivos para a implantação de pastagens (em prol do uso pecuário), retirada seletiva de madeira nobre e carvoejamento, além da extração de ouro em depósitos aluvionares (WALTER, 1948). Estas atividades incidiram, especialmente, sobre zonas aplainadas e margens de cursos d'água, como nas várzeas do ribeirão da Mata e rio das Velhas. Os afloramentos rochosos dificultavam o acesso, apesar da exploração de salitre em diversas grutas (LUND, 1935). Nas últimas décadas, entretanto, os afloramentos vêm recebendo usos intensivos com a importância econômica do calcário, pondo em risco a conservação dos remanescentes florestais a eles associados. Antigas fazendas foram transformadas em pólos agropecuários, em chácaras de recreação e em loteamentos urbanos (inadequados, sem infra-estrutura e saneamento). Estes últimos, a partir da década de 80, intensificaram-se com a abertura e duplicação de rodovias e eixos de circulação, conseqüentes da criação do Aeroporto Internacional de Confins (KOHLER & MALTA, 1991). Recentemente, foi criada pelo Governo Federal a APA (Área de Proteção Ambiental) Carste de Lagoa Santa, inserida nos municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Funilândia e Confins, com uma área de 35.600 ha (Decreto 98.881, de 25 de janeiro de 1990). HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 7 A criação da APA teve como objetivo principal proteger e preservar as cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e a fauna silvestre, além de garantir a conservação do conjunto paisagístico e da cultura regional. A região da área Fazenda Campinho, alvo do presente estudo, insere-se em seus limites (figura 2.1). FIGURA 2.1 - Inserção da área fazenda Campinho nas zonas da APA Carste de Lagoa Santa Loteamento Bairro Bairro Jesus PEDRO LEOPOLDO MATOZINHOS Ribeirão da Mata Ribeirão das Neves Córrego Campinho Córrego Braúna Ribeirão do Urubu 1 ZPPNC ZCDUI ZCDUI ZCEAM ZCPD 0 500 1000 1500 2000 m ZCPD Zona de Conservação do Planalto das Dolinas ZCDUI Zona de Conservação e Desenvolvimento Urbano-Industrial ZCEAM Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano Limite da área de concessão da Fazenda Campinho Limite oeste da APA ZPPNC Zona de Proteção das Paisagens Naturais do Carste N HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 8 A APA Carste de Lagoa Santa é de especial interesse por concentrar patrimônios naturais e culturais (com ênfases paleontológica, arqueológica e espeleológica), tendo, por isto, privilégios em investigações científicas. LUND (no período de 1825 a 1844) desenvolveu estudos de paleontologia e registros relativos a aves e mamíferos. Vários outros naturalistas contribuíram nestes ou em outros temas, como REINHARDT, no período de 1847 a 1855, BURMEISTER, em 1850, WARMING, de 1863 a 1866, e WINGE, em 1888 (LUND, 1935; PINTO, 1955). Passados vários anos, as pesquisas foram reiniciadas por BECKER, em 1944, SICK em 1967 e CARNEVALLI, em 1971 a 1973 ( PINTO, 1955; CETEC, 1983; SICK, 1985). in Mais recentemente, citam-se CHRISTHIANSEN & PITTER (1987), BRANDT MEIO AMBIENTE (1990, 1992 e 1996), FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS (1996) e outros. Todos estes estudos contribuem para o entendimento da paisagem atual, onde se observam afloramentos rochosos florestados em destaque no relevo, lagoas (perenes e temporárias) e manchas de cerrados em baixadas, em meio a um domínio de pastagens e culturas (milho, sorgo, soja e cultivos de subsistência). Estes padrões da paisagem são, em geral, verificados na área de estudo. Com relação aos aspectos econômicos, os municípios de Matozinhos e Pedro Leopoldo formam, juntamente com Vespasiano, o maior pólo cimenteiro do Estado de Minas Gerais. Minas Gerais é o primeiro produtor nacional de cimento, seguido por São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Sua produção foi, no ano de 1995, de 7.074.867 toneladas, o que corresponde a 25% da produção nacional de 28.256.483 toneladas. A região cárstica ao norte de Belo Horizonte é, atualmente, a maior produtora de calcário de Minas Gerais e uma das maiores do Brasil. Segundo o anuário Mineral Brasileiro (1996), Minas Gerais produziu, em 1995, 27.264.475 toneladas de calcário bruto, 34,9% do total brasileiro de 78.138.739 toneladas, ou 25.376.464 toneladas de calcário beneficiado, 35,3% do total de 71.914.433 toneladas produzidas no país. O empreendimento cimenteiro tem como característica a localização próxima da fonte de matéria-prima básica, que é o calcário. Dadas as características geológicas da região em questão, registra-se um alto nível de reservas. Das 9.797.686.061 toneladas de reservas estimadas de calcário em Minas Gerais, 625.060.142 estão em Pedro Leopoldo, e 1.099.464.550 t, em Matozinhos (Anuário Mineral Brasileiro, 1996). Por este motivo, a atividade minerária coloca-se como uma vocação econômica natural, e tem sido há algumas décadas um dos pilares da dinâmica da economia regional. O setor cimenteiro no País apresentou significativas mudanças, nos últimos anos. Observou-se a ampliação contínua das escalas de produção, com a formação de grandes grupos, aumentando a concentração industrial. Aponta-se como justificativa a incorporação da Cimento Paraíso pela Holdercim do Brasil S.A., a compra da Cauê pelo Grupo Camargo Correia, e a fusão do Grupo Votorantim à Companhia Siderúrgica Nacional, na aquisição das fábricas de João Santos e Cia. de Cimento Itambé. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 9 Estima-se que o setor cimenteiro deva continuar crescendo 10% ao ano até o final da década (INDI, 1997). Com a estabilidade e crescimento da economia, estão sendo retomados os investimentos em projetos d7e infra-estrutura como rodovias, energia elétrica, habitação e saneamento básico. Assim, tendo em vista que o parque industrial nacional está chegando ao limite da capacidade de produção, as perspectivas de aumento da demanda por cimento justificam os investimentos do setor. 2.2 - A rocha e o relevo regional A área enfocada encontra-se inserida na clássica região cárstica de Lagoa Santa ( senso lato ), localizada 40 Km ao norte de Belo Horizonte. O suporte rochoso da paisagem regional é constituído, da base para o topo, pelos calcários da Formação Sete Lagoas e rochas pelíticas (siltitos e filitos) da Formação Serra de Santa Helena (SCHÖLL, 1973). As rochas pelíticas ocorrem de forma limitada no planalto cárstico. Os calcários do nível inferior, denominados de Membro Pedro Leopoldo por Schöll, compõem-se de intercalações cíclicas entre leitos delgados a muito finos de pelitos, de cor cinza esverdeado e tonalidade cinza-claro a médio, e estratos de margas e calcários, correspondendo à base da Formação Sete Lagoas na região, assentada sobre o embasamento cristalino. Já os calcários de nível superior, Membro Lagoa Santa, são cinza a cinza claro, cristalinos e muito puros, contendo menos de 3% de resíduo insolúvel, predominantemente quartzo e mica. Nos planaltos pouco dissecados, a espessura do calcário pode chegar a mais de 160m, variando em função da discordância com o embasamento. Podem ocorrer hiatos na sedimentação, sendo os calcários do Membro Lagoa Santa depositados diretamente sobre o embasamento Estruturalmente, a região sofreu deformações tectônicas em conseqüência da ação de faixas móveis adjacentes ao Cráton do São Francisco (onde se depositou o Grupo Bambuí). Pode-se destacar, para as rochas do Grupo Bambuí na região de estudo, feições estruturais do tipo foliações, lineações, dobras, fraturas e falhas. Nesse contexto, destacam-se dois tipos de estruturas, ou seja, duas porosidades potenciais para a carstificação: as fraturas NW, E-W, NE, N-S e a clivagem ardosiana N-S/5 E, º coincidente na maior parte dos casos com a superfície de acamamento. O relevo cárstico encontra-se instalado em domínio planáltico, mais precisamente no bloco interfluvial ribeirão da Mata - rio das Velhas, em altitudes que variam entre 650- 900m. Diante da posição topográfica, da hidrologia e da morfologia do relevo, pode-se destacar duas grandes unidades geomorfológicas na região: o planalto de dolinas e as grandes depressões cársticas. O Planalto Cárstico , no qual se insere o planalto das dolinas, é caracterizado por um relevo intensamente carstificado, elaborado predominantemente por processos de dissolução da rocha calcária. Localiza-se a nordeste de Matozinhos e Pedro Leopoldo e a sudoeste da lagoa do Sumidouro. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 10 Destacam-se, inicialmente, no topo desse compartimento, morros alongados localmente, na forma de maciços calcários, que podem atingir cotas superiores aos 800m. Em seguida, entre as cotas 780- 740, surgem os campos de dolinas, ou seja, um conjunto de bacias fechadas que podem atingir de poucos metros a centenas de metros de largura e de poucos a dezenas de metros de profundidade. Essas formas são caracterizadas por múltiplos pontos de infiltração (sumidouros) e por drenagens autogênicas (nascem dentro do domínio cárstico) e centrípetas, as quais estão limitadas por divisores de águas superficiais, formando um conjunto de polígonos irregulares. Após essa faixa, também denominada de planalto de dolinas por KOHLER (1989), ocorrem diversas depressões fechadas mais amplas, do tipo uvalas, que podem formar lagoas temporárias entre as cotas 740-700m. Na realidade são áreas de descarga sazonais e locais, em função da existência de diversos aqüíferos (sub-bacias) cársticos. Nesse sentido, listam-se as lagoas de Confins, Borges, Lapa Vermelha, Macacos e Santo Antônio. Hidrologicamente, essas morfologias funcionam também como áreas de recarga hídrica (áreas de infiltração), tendo função muito importante no arranjo e dinâmica do sistema de circulação subterrânea, predominante na região. Na realidade, os sistemas aqüíferos em ambientes cársticos assumem características distintas de comportamento, de acordo com o período climático vigente, obedecendo assim a uma dinâmica totalmente dependente das condições morfo-estruturais e de circulação dos fluxos hídricos. Os regimes de descarga e recarga variam local e sazonalmente, podendo as depressões funcionarem ora em um regime, ora em outro. O compartimento das Grandes Depressões Cársticas consiste em duas áreas: a planície de Mocambeiro, constituída por um conjunto de lagoas (Mocambeiro, Cerca de Achas, Brejo, Vargem da Pedra, dentre outras) e a planície do córrego Samambaia/ lagoa do Sumidouro. Trata-se do compartimento mais baixo do carste de Lagoa Santa, possuindo cotas geralmente inferiores a 700m. Caracteriza-se por ser uma área ligeiramente ondulada, recoberta por solos e material coluvionar. Na terminologia cárstica, essas grandes depressões fechadas são chamadas de poljes . Atualmente, aceita-se a idéia de que os poljes evoluam particularmente pela dissolução de suas bordas, devido ao barramento ou à inibição dos processos de rebaixamento do relevo (vetor vertical), provocados pela impermeabilização do fundo das depressões por sedimentos argilosos, litologias não- carbonáticas ou proximidade do nível de base. Do ponto de vista hidrológico, essas áreas são tipicamente de descarga de aqüíferos cársticos, ou seja, recebem as águas subterrâneas vindas do planalto cárstico, antes do desaguamento no rio das Velhas, nível de base regional. Normalmente são rasas e amplas, sendo ocupadas por lagoas temporárias, que representam o nível de base local. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 11 2.2 - Do patrimônio espeleológico O meio subterrâneo guarda alguns dos últimos espaços ainda intocados do nosso Estado. Em suas formas (espaços), suas cristalizações, seus sedimentos e sua fauna tão peculiares, essas cavidades guardam, muitas vezes, importantes documentos que auxiliam a compreensão da história física e biológica de uma região. As múltiplas alterações do relevo, as mudanças climáticas, a evolução da fauna e a própria história humana deixaram ali importantes testemunhos que, por vezes frágeis e únicos, foram preservados nas cavernas. Por essas razões entre outras, as cavernas vêm sendo objeto de uma valorização crescente, não só como patrimônio cultural, mas como um ecossistema frágil e peculiar. Isso ficou evidenciado, inicialmente, com a Constituição Federal de 1988, que estabelece que as cavidades naturais subterrâneas se incluem entre os “Bens da União” (art. 20. inciso X). Posteriormente, a Constituição do Estado de Minas Gerais, promulgada em 1989, estabelece que os sítios de valor espeleológico constituem patrimônio cultural mineiro, juntamente com os sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (art.208). Ainda nesse contexto, a região cárstica de Lagoa Santa , onde se insere o empreendimento em análise, foi reconhecida e elevada à categoria de APA - Área de Proteção Ambiental, objetivando “proteger e preservar as cavernas e demais formações cársticas ”, além de outros atributos (Decreto Federal n. 98.881 de 25/01/90). Esse tipo de unidade de conservação, além de não determinar a desapropriação de terras, propõe o disciplinamento do uso dos recursos naturais, que constitui elemento indispensável para a conservação do meio ambiente e a ocupação racional do espaço, assim como, em princípio, à manutenção das características socioeconômicas e culturais dentro dos limites estabelecidos. No entanto, esse apelo conservacionista dado às cavernas vem conflitando, muitas vezes, com as necessidades de expansão do setor mineral. A região cárstica de Lagoa Santa, por exemplo, tem atraído muitas indústrias desde a década de 70, particularmente a mineração de calcário, recurso natural essencial para a indústria cimenteira. Acredita-se, porém, que o aparato jurídico instituído para a proteção das cavernas, assim como das paisagens cársticas onde se inserem, veio buscar um equilíbrio entre os distintos valores que cercam esses cenários. Dentro desse contexto, as cavernas da área de influência do empreendimento da Holdercim foram, inicialmente, cadastradas através de atributos básicos considerados representativos, dentre os quais aspectos de natureza física e socioeconômica. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 12 Esse inventário, por sua vez, foi submetido a uma análise que incorporou valores e critérios, pautados em uma argumentação técnica discursiva. Trata-se de um procedimento essencialmente qualitativo, no sentido de não atribuir “pesos” para a valoração das cavernas, já que esses procedimentos têm se mostrado uma ferramenta limitada, uma vez que não substitui o valor dos conjuntos em sua integridade, e da relação de importância que estabelecem entre si e com a paisagem superficial onde se inserem. Salienta-se que a valoração das cavernas não pode deixar de levar em conta o conjunto de formas e processos superficiais que compõem o relevo cárstico, tendo em vista que são parte integrante de um sistema físico, biológico e paisagístico mais abrangente. Assim, as cavernas foram avaliadas diante de 5 fatores de valoração: científico, ambiental, paisagístico, religioso e econômico, adaptados dos conceitos expressos na Constituição para qualificação dos bens culturais do Estado. Esses fatores, por sua vez, podem abranger três escalas de valores: local (o valor se limita a subsistemas da paisagem - localidades - até a escala do município); regional (tem valor no espaço natural e cultural que constitui a região cárstica de Lagoa Santa, que inclui vários municípios) e nacional (o valor é de interesse do país). Esse procedimento inicia-se, a rigor, com a hipótese de existirem sítios espeleológicos relevantes, ou seja, aqueles que guardam testemunhos (bens) expressivos da produção humana e da natureza, passíveis de serem considerados patrimônio espeleológico, e sítios considerados sem relevância, representados por vazios restritos, remanescentes após porções de rocha terem sido removidas por processos hidroquímicos (dissolução diferencial) e por erosão através da circulação subterrânea. 2.3 - Espeleologia local Na área de concessão da Holdercim, foram cadastradas 18 feições espeleológicas, as quais foram divididas em quatro grupos: cavernas do setor sul, cavernas do paredão da lagoa, cavernas do escarpamento nordeste da área de concessão e cavernas da mina. O primeiro grupo é constituído por sete feições espeleológicas, localizado na porção sul da área de concessão. Das sete cavernas inventariadas, duas não foram identificadas na prospecção realizada (Sumidouro do Quebra-corpo e Lapinha da Ciminas), no entanto, essas encontram-se listadas no inventário da SBE e foram plotadas em mapa. Das 5 cavernas visitadas, a gruta da Ciminas e o abrigo do Paiol são as de maior valor local. A primeira é representada por três condutos elípticos, que se ramificam a partir do salão principal (NW-SE), posicionado próximo à entrada (figura 2.2). HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 13 FIGURA 2.2 - Croqui da gruta da Ciminas X X N X X 0 5 10 20 m OSSOS PEQUENOS EM BREXA A 2 m DO SOLO TRAVERTINOS FONTE: CPRM 1991- PROJETO VIDA Morfometricamente, essa gruta possui aproximadamente 150m de desenvolvimento (soma dos condutos) e 4m de desnível. Temporariamente funciona como o sumidouro geral da dolina onde está inserida, o que ocasiona o sifonamento de parte da caverna no período chuvoso. Argilas vermelhas recentes predominam no piso. Nas paredes, observam-se vestígios de depósitos terrígenos, com fragmentos de ossos, cobertos por capas estalagmíticas (depósitos mais antigos com potencial paleontológico). Não foi detectado nenhum registro de uso atual, histórico ou pré-histórico nessa gruta. Foi observado, no seu interior, um Amblypgy , artrópode não identificado anteriormente nas cavernas da região, mas muito freqüentes nas cavernas do norte de Minas Gerais. Já o abrigo do Paiol é uma pequena caverna de 10m de profundidade por 4 m de largura e altura, posicionada em média vertente rochosa de dolina. Essa gruta apresenta-se em conduto único de origem freática, com registros de evolução paragenética. Observam- se capas estalagmíticas com depósitos terrígenos, nos quais foram constatados fragmentos de ossos (potencial paleontológico). Várias pichações podem ser identificadas na entrada do abrigo, assim como um fogão de pedra, demonstrando um uso esporádico dessa caverna, de valor local, como área de lazer. As demais grutas visitadas desse grupo (Abismo do Paiol, Grutinha da Fenda e abrigo da Ressurgência) são menos representativas, ou seja, não apresentaram nenhum elemento digno de valoração. O abismo do Paiol e o abrigo da Ressurgência, apesar de funcionarem como sumidouros temporários, apresentam áreas de captação muito limitadas. A grutinha da Fenda, com 30m de profundidade, apresenta-se como uma simples fenda alargada. Esse conjunto encontra-se inserido numa típica área de dolinas, demonstrando um modelado de destacada importância hidrológica. Esse conjunto de dolinas configura, também, possíveis rotas de drenagem subterrânea. Essa área apresenta-se como a menos impactada pela mineração, sendo possível ainda registrar importantes elementos cársticos como paredões, sumidouros ativos, cavernas e dolinas, além de remanescentes da cobertura vegetal. Todo este conjunto cárstico (grutas, dolinas, paredões, etc.) foi agrupado em um compartimento de elevada relevância ambiental. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 14 No prolongamento sudeste dessa área, já fora dos limites da concessão, foram identificadas no cadastro da SBE mais 5 cavernas. As cavernas do segundo grupo estão representadas pelos abrigos da Lagoa l e ll e pela caverna da Correia. Acham-se inseridas no paredão posicionado na extremidade leste da lagoa Santo Antônio. O abrigo da Lagoa l é constituído por um conduto único com mais de 50m de largura por 20m de profundidade. Não apresenta depósitos químicos (espeleotemas), nem depósitos terrígenos com potencial paleontológico. Funciona como sumidouro temporário, porém de captação restrita. Já o abrigo da Lagoa ll é um típico abrigo-sob-rocha, com 6m de largura por 8m de profundidade e 3m de altura. No piso rochoso dessa feição, pequenas cavidades (3 a 4 cm) do tipo quebra-côco podem ser registros da utilização do abrigo pelo homem pré- histórico. A caverna da Correia encontra-se localizada nas proximidades da correia transportadora da empresa. Apresenta-se em conduto único com mais de 20m de profundidade, onde drena um curso d’água temporário (figura 2.3). Apresenta poucos espeleotemas, sem nenhum destaque, assim como depósitos argilosos e de pó calcário, recentemente introduzidos na gruta. FIGURA 2.3 - Croqui da gruta da Correia 85º GRUTA EMBAIXO DA CORREIA 602 7797835106 N 15m X X X X X X X X OBSTRUIDO ESTREITO SEMI OBSTRUIDO Nesse grupo, o abrigo da Lagoa ll foi considerado potencialmente relevante, sendo necessário, no entanto, a confirmação dos registros identificados por um especialista (arqueólogo). A caverna da Correia também foi considerada relevante, em nível local, devido à ocorrência de curso d’água subterrâneo temporário. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 15 O terceiro grupo é constituído por 5 cavernas (lapinha dos Ossos, abrigo do Horizonte, grutinha da Borboleta, abrigo Estreito e grutinha do Marco). Na prospecção realizada, não foram identificadas as duas últimas cavernas, que se encontram cadastradas no inventário da SBE. A lapinha dos Ossos é formada por um conduto único com mais de 20m de profundidade, por 6m de altura e largura inferior a 2m. Destaca-se, nessa gruta, a presença de depósitos terrígenos com muitos ossos, recobertos por capas estalagmíticas, sinalizando uma ocorrência paleontológica potencial. Por outro lado, essa pequena caverna funciona como um sumidouro temporário das águas que drenam a dolina na qual se insere a feição espeleológica. Já o abrigo do Horizonte e a grutinha das Borboletas, com desenvolvimentos inferiores a 30m, não apresentaram nenhum elemento passível de valoração. No entanto, essas cavernas encontram-se inseridas em um escarpamento rochoso de destaque, que se prolonga além dos limites da concessão. Nesse escarpamento, de direção NE e que inflete para NW, ocorrem mais sete feições espeleológicas e um sítio arqueológico com pinturas rupestres (sítio do Campinho). O conjunto cárstico envolvendo paredão florestado de valor paisagístico, grutas e sítio arqueológico é de considerável valor natural e cultural. O quarto grupo é formado por três cavernas identificadas dentro da mina da Holdercim, as quais já se encontram parcialmente destruídas ou fortemente impactadas pela atividade mineral, ou seja, encontram-se desfiguradas e sem contexto digno de valoração. São elas a caverna do Britador, o abismo do Esgotamento Pluvial e a caverna do Teto Fino. A caverna do Britador (UTM. 7835273 - 603073) está localizada, como sugere sua denominação, próximo ao britador, na praça da mina. Sua morfologia é meandrante, com seções elípticas e um desenvolvimento aproximado de 30m, na direção leste, sofrendo inflexão para sul, logo no início. O conduto está parcialmente obstruído por blocos recentemente desmoronados, assim como parcialmente assoreado. Diversas colunas de rocha também estão rachadas, possivelmente em conseqüência das detonações da mina. O abismo do Esgotamento Pluvial (UTM. 7835584-603100) é um poço vertical localizado na segunda bancada (banco 770) da mineração. Possui pelo menos 8 metros de profundidade, sendo necessária corda para sua exploração. Esse conduto vertical foi explorado até 16 metros, onde não foi mais possível prosseguir, pois apesar da fenda ser extensa (pelo menos 20 metros de comprimento), sua largura reduz-se gradualmente. A direção geral dessa fenda é N/S. As paredes estão com várias rachaduras e a presença de dois desmoronamentos recentes indicam instabilidade. Ocorrem alguns espeleotemas, principalmente escorrimentos. Destacam-se sedimentos recentes, inconsolidados, oriundos provavelmente das atividades da mina, tendo em vista que essa caverna estava sendo utilizada para esgotamento das águas pluviais de parte da mina. A caverna do Teto Fino (UTM. 7835701-603340) encontra-se inserida no piso da terceira bancada da cava (banco 780), revelando uma caverna desmoronada e instável, provavelmente exumada pela explotação mineral. Essa cavidade possui forma circular, com 3 m de diâmetro e direção NE/SW. Observam-se, no seu interior, diversos espeleotemas destruídos pelas detonações para desmonte das bancadas. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 16 2.4 - Aspectos gerais da cobertura vegetal da região A região da mina de calcário da Holdercim localiza-se em zona de influência de dois domínios fitogeográficos: os cerrados, que se estendem a norte e oeste, em direção ao planalto central brasileiro, e o da floresta atlântica, que ocupa as regiões a sul e a leste, estendendo-se em direção ao litoral do país (AB’SABER, 1977; FERRI, 1980; IBGE, 1993). Além de elementos típicos destes dois biomas, a região apresenta inserções de formações xerófitas, típicas da região das caatingas, sobre os afloramentos calcários. O primeiro estudo sobre a cobertura vegetal da região foi realizado por Eugenius Warming entre os anos de 1863 e 1866 (WARMING & FERRI, 1973) abrangendo principalmente o município vizinho de Lagoa Santa. O autor lista diversas espécies vegetais indicando seu hábito, estrato e principais tipologias onde ocorrem. Mais recentemente, BRANDÃO et al (1993) fizeram um relato florístico da lagoa dos Mares, localizada em Pedro Leopoldo, e PEDRALLI & MEYER (1994) descreveram de forma geral a vegetação da região. Com maior detalhe de informações sobre a biota da região, FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS/CPRM (1996) desenvolveram estudos florísticos e fitossociológicos em diferentes formações vegetais, indicando a ocorrência das seguintes tipologias: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Cerrado, transições entre estas, vegetação sobre afloramento calcário, vegetação em áreas úmidas (brejos e macrófitas aquáticas) e vegetações antrópicas. Atualmente, grande parte desta região encontra-se como pastagens, sendo poucas as formações vegetais nativas. Mesmo estas já sofreram algum tipo de intervenção, estando em suas seres secundárias. O relevo pouco acidentado e o solo de boa fertilidade impulsionaram as atividades agropecuárias em detrimento das formações de florestas mesófilas e cerrados. Nas últimas duas décadas, a construção do Aeroporto Internacional de Confins estimulou a abertura e duplicação de rodovias e eixos de circulação, ao longo dos quais surgiram loteamentos sem infraestrutura ambiental e de saneamento (KOHLER & MALTA, 1991), aumentando a pressão sobre os ecossistemas naturais. Os remanescentes florestais concentram-se, principalmente, sobre os afloramentos calcários, que por suas características topográficas e edáficas, têm restringido sua ocupação e dificultado as derrubadas das árvores. No entanto, a expansão das atividades mineradoras na região tem alterado essa paisagem. De forma geral, todas as formações remanescentes encontram-se empobrecidas, devido à exploração de madeiras nobres, carvoejamento e pisoteio pelo gado. Mesmo as áreas sujeitas a restrições legais, como as de preservação permanente e as reservas legais das propriedades, conforme o Código Florestal, encontram-se alteradas ou completamente destituídas de cobertura vegetal nativa. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 17 2.5 - Diagnóstico geral da avifauna regional No panorama atual, a área apresenta um quadro de degradação ambiental resultante de atividades agropecuárias e do desenvolvimento de atividades mineradoras que nela incidem há anos. A cobertura vegetal é composta por um mosaico onde predominam formações secundárias em estágios iniciais de regeneração e matas deciduais geralmente associadas a afloramentos rochosos. Estão também presentes pastagens e pequenas extensões reflorestadas com eucalipto, além da lagoa Santo Antônio e dolina situada na porção norte da concessão. Portanto, predominam na área três diferentes grupos de aves: espécies de grande plasticidade ambiental, isto é, capazes de sobreviver em vários ambientes, inclusive naqueles muito alterados; espécies limícolas, relacionadas às lagoas e suas margens; e espécies florestais, dependentes dos ambientes de matas. Em toda a extensão da APA Carste foram observadas, recentemente, 225 espécies de aves, número expressivo, já que corresponde a aproximadamente 30% da avifauna do estado de Minas Gerais (MATTOS et al. , 1994). Como já mencionado, pressupõe-se que todas as espécies registradas na região da APA Carste de Lagoa Santa têm ocorrência potencial na área de estudo, desde que esta apresente ambientes adequados a cada uma. Sendo assim, algumas espécies, ou grupo de espécies, merecem comentários especiais, traçados a seguir. Sessenta das 225 espécies apresentam comportamento migratório. No início do período de chuvas, várias espécies de aves chegam à região dos cerrados, aproveitando a disponibilidade de recursos alimentares, principalmente insetos (NEGRET, 1988), com nítido incremento no número de espécies e indivíduos na área. As matas deciduais estão também sujeitas a tais variações sazonais e tomam parte nesta dinâmica de migração. Merecem destaque três espécies que migram anualmente do hemisfério norte em busca de melhores condições climáticas e, conseqüentemente, alimentares. São elas: maçarico-de-perna-amarela ( Tringa flavipes ), papa-lagarta-cinzento ( Coccyzus americanus ) e a andorinha-de-bando ( Hirundo rustica ). Salienta-se a ocorrência do colhereiro ( Ajaia ajaja ), incluído na lista de espécies ameaçadas de extinção no Estado (COPAM 1996). Alguns indivíduos foram observados forrageando na lagoa do Sumidouro, em outubro e novembro de 1995 (FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS, 1996). Entretanto, esta espécie não deve ocorrer na lagoa Santo Antônio, devido aos seus níveis atuais de degradação. O carretão ( Compsthraupis loricata ) também deve ser destacado, já que é considerado endêmico do bioma Caatinga (SICK, 1985; RIDGELY & TUDOR, 1989) e com área de distribuição que se estendia até o norte do estado. O registro desta espécie na APA Carste de Lagoa Santa pela FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS (1996) é, provavelmente, a ocorrência mais ao sul de sua área de distribuição. Sua ocorrência na Fazenda Campinho é pouco provável, uma vez que esta espécie parece ser rara regionalmente e seu único registro se deu em área distante desta fazenda. A inserção da área no bioma do Cerrado, mas com grande influência da Mata Atlântica, tem como característica especial a ocorrência de espécies típicas deste último, como o joão-barbudo ( Malacoptila striata ), a borralhara ( Pyriglena leucoptera ), o papa-formigas- da-serra ( Formicivora serrana ), o tachuri-campanhia ( Hemitriccus nidipendulum ) e a saíra-da-mata ( Hemithraupis ruficapilla ). Tais espécies são mais comuns em matas semideciduais e, portanto, com baixa probabilidade de ocorrência na área de extração do calcário. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 18 3 - PROPOSTA CONCEITUAL PARA UTILIZAÇÃO FUTURA DA CAVA E DE SEU ENTORNO 3.1 - Introdução A proposta é transformar a mina do Campinho e seu entorno, após sua exaustão em um parque temático vivencial, isto é, um “forum” onde o público possa não somente usufruir de atividades de lazer, mas também exercitar-se culturalmente, além de vivenciar fisicamente os temas abordados sob ótica ambiental. O objetivo é, portanto, fomentar o interesse pelas tecnologias que possam levar ao melhor entendimento da problemática de mineração, bem como instigar idéias de preservação e qualidade ambiental. O parque pode ter os seguintes títulos, por exemplo: - “Parque temático de tecnologia, mineração e vivência do meio ambiente”; - “Museu a céu aberto da história da mineração”; - “Parque de vivência ambiental da Holdercim”. Para dar respaldo à idéia da Brandt Meio Ambiente, serão citados trechos de um texto em espanhol que circula pelas unidades do grupo Holdercim internacionalmente. A seguir serão explicitados alguns pontos chave desta idéia. 3.2 - Pressupostos A área da Holdercim possui, hoje, vários atrativos de ordem ambiental que serão considerados neste trabalho como pontos de partida: - A mina situa-se na APA Carst de Lagoa Santa; - A Holdercim possui uma RPPN de 43 hectares de preservação ambiental nas proximidades; - A lagoa Sto. Antônio é um patrimônio hidrológico cientificamente interessante e de fundamental importância para preservação; - Fonte de água (Odorico), na mina Campinho; - Viveiro de mudas já implantado da Holdercim; - Existe nas proximidades a Caverna da Correia e da Ciminas; - Existem nas proximidades os abrigos da Lagoa I e II; - Há urbanização sem planejamento ambiental adequado na bacia da lagoa e imediações de suas margens; - Pesquisas ambientais, Laudo Arqueopaleontológico, Estudo Hidrogeológico etc, realizados para a região; - 2/3 da área marginal da lagoa é propriedade da Holdercim; - Há uma área florestal importante nas proximidades, denominada de área do Odorico, que tem riqueza florística considerável sobre 80 hectares de extensão. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 19 “En este sentido durante estos últimos años han aumentado considerablemente -tanto por parte de la iniciativa privada como pública- el interés por este tipo de turismo, lo que se ha traducido en la proliferación de gran número de museos -musealización- que han tenido gran importancia como fuente de ingresos de áreas deprimidas a causa del fin de una determinada actividad económica predominante. Esta tendencia por la cultura minera tiene carácter internacional, pero se ha desarrollado principalmente en los países más avanzados como Japón, EEUU, la Unión Europea, Canadá, etc. En Europa tres Minas-Museo, Lewarde (Francia), Wieliczka (Polonia) y Kerkrade (Holanda), poseen más de 100.000 visitas al año (Puche y Mazadiego, 1997). Los Parques Culturales integran múltiples aspectos a nivel regional. Como modelo de este tipo de parques se puede citar el interés del Gobierno de Aragón (España), que promulgó una ley de creación de parques culturales. Como ejemplo de esta política cabe citar el Parque Cultural del Río Martín, en Ariño, que engloba muchas temáticas - artes rupestres, geología y espeleología, fauna, flora, cultura ibérica, paleontología y artes populares- además de la creación de un centro de Congresos en las instalaciones de una antigua escuela de mineros de la empresa minera SAMCA. Lo que se pretende con ello es que la gente se conciencie del rico patrimonio que posee en la zona, que lo valore y sobre todo que participe en su conservación. La idea moderna que se persigue también hoy en día es que los Museos posean, además, centros de interpretación, de investigación y de formación.” 3.3 - Desenvolvimento da idéia O complexo paisagístico, formado pela lagoa, a cava, a mata e as áreas reabilitadas adjacentes, receberá um plano diretor desenvolvido com base nesta concepção. Este plano será aperfeiçoado na medida em que os usos finais da mineração forem se consolidando e a vocação dos usos futuros permanecer viável a longo prazo. Para garantir esta viabilidade será feita uma “modernização / atualização” do referido plano a cada 5 anos. O plano consistirá numa compartimentação temática que terá uma linha mestra de objetivo comum: a vivência ambiental aliada ao desenvolvimento cultural. Certamente farão parte desta linha de atuação do plano, a educação informal e formal, gerenciadas pelo próprio grupo Holdercim, mas administradas por uma escola local de grande reconhecimento, que tenha potencial de atração de alunos periféricos e preferencialmente carentes. “Además, han de tenerse muy en cuenta las necesidades tanto actuales como futuras de las poblaciones del entorno con el fin de poder priorizar entre posibles alternativas de uso: usos recreacionales (humedales y lagunas artificiales, escuelas de deportes de riesgo, escalada, rocódromos, anfiteatros), usos medioambientales, zonas de ocio, vertederos, zonas residenciales, usos agropecuarios o forestales, instalaciones industriales, etc. También, y de forma simultánea, habría que estudiar su valor patrimonial, de tal manera que si este resultara de gran interés se pudiera optar -incluso - por realizar un proyecto de tipo Museo o Parque geológico-minero.” HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 20 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 21 3.3.1 - Na cava exaurida da mina A cava exaurida será palco de um cenário de vivência ambiental. Suas dimensões espaciais, características acústicas, microclimáticas e peculiaridades ecológicas fornecem um potencial de sensibilização interessante para educandos e formadores de opinião. Poucas são as cavas exauridas exploradas culturalmente no Brasil. No exterior este tipo de uso futuro é bem mais freqüente. A cava será subdividida nas seguintes atividades: 3.3.1.1 - Núcleo administrativo e educativo Será construída uma instalação multifuncional. Para um programa permanente de educação formal, haverá as salas necessárias para uma escola de segundo grau. Para fins administrativos, haverá salas para administração do parque. Haverá também um auditório, com facilidades audiovisuais, computador e internet. A construção será de madeira reflorestada, roliça, de eucaliptos consorciado com cimento artístico. O eucaliptos está sendo submetido a pesquisas por várias empresas modernas no país que demonstram ativamente a eficiência dessa madeira para construção civil, inclusive acabamento. Temos a maior floresta de eucaliptos reflorestada do mundo no Brasil e nossa terra tem potencial para mais florestas artificiais, em substituição dos campos desmatados e das madeiras nativas. Por outro lado, também o cimento, sob forma artesanal será cogitado como material de construção, em alusão ao minério dantes explotado no local e a fábrica da Holdercim. Esta escola terá como meta a educação de crianças carentes e, nos fins de semana, como centro de educação e informação ambiental. Servirá também com Centro de Apoio a Universidades (Teses, Estudos, Estágios). A administração do parque funcionará nas mesmas instalações, conforme mencionado. 3.3.1.2 - Horta comunitária e depósito de mudas para reflorestamento e arborização urbana Uma horta aberta à comunidade será instalada, com fins demonstrativos e didáticos. Os visitantes, bem como os alunos da escola associada, aprenderão a utilizar pequenos espaços para produzir alimentos sadios e baratos. Desta forma os alunos poderão exercer atividades agrícolas e florestais, durante alguns turnos por semana, o que incluirá coleta e deposição (para doação) de sementes florestais nativas. Este tipo de atividade consorciada já deu certo em inúmeras escolas do país, haja visto a antiga concepção das “escolas agrícolas” entre outras. Na mineração este tipo de atividade consorciada também possui bons exemplos em Minas Gerais. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 22 3.3.1.3 - Implantação de um lago artificial Aproveitando as feições morfológicas da mina exaurida será implantado um lago artificial, de tamanho pequeno com os seguintes fins: - Didático e educativo: o lago poderá servir como observatório limnológico a céu aberto; - Contemplação e paisagismo: o lago terá aspecto idílico em meio a sequidão irradiada pelos paredões remanescentes da cava; - Há uma fonte no local que pode reabastecer o lago em épocas de seca; - O lago não terá função de lazer para natação. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 23 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 24 3.3.1.4 - ECOMUSEU MINERO-AMBIENTAL - Museu de conteúdo histórico ambiental com base em exposição tecnológica de equipamentos de mineração ao longo dos séculos na região e no Brasil Conforme o texto da interno da Holdercim, citado anteriormente, existe em escala internacional um alto nivel de preocupação relativo a preservação, para as generações futuras, “todos aquellos útiles -máquinas, herramientas, enseres, etc.- y materiales relacionados con la producción en las industrias tradicionales, que tras su cierre han dejado fuera de uso una serie de testimonios directos, como los ferrocarriles, centrales eléctricas, instalaciones industriales del acero, textil ó carbón que forman parte de nuestra historia más reciente y que las nuevas tecnologías, la utilización de nuevos materiales -plásticos, por ejemplo- y modernas actividades han dejado en desuso y, en muchos casos, olvidadas.” Também o patrimônio tecnológico associado a mineração no Brasil, e em especial a área do Carst de Minas Gerais, possui preciosidades que não devem ser esquecidas. O entendimento da história tecnológica, da modernização e da contínua preocupação com questões ambientais, fazem com que haja mais clareza sobre tendência futuras. Também haverá uma divulgação e mitigação das tendências de preocupação com o meio ambiente, bem como mitigação do pré-conceito agressivo que o setor mineral atualmente detém por parte da sociedade civil. A idéia consiste na associação e mobilização de várias empresas mineradoras no sentido de coletar o material obsoleto, através de doações, de todo setor mineral do Brasil. Desta forma o ônus de aquisição de maquinário e equipamento defasados não recai somente sobre o grupo Holdercim. Poderia ainda se criar uma sede da FEAM e IEF, enfim, a congregação de todos os órgãos fiscais em uma única sala do museu denominada “Controle Ambiental Público” onde seriam expostos todas as atividades relevantes de cada órgão participante. 3.3.1.5 - Trilha de vivência ambiental ativa e patrimônio geológico Esta trilha transcenderá à cava. Nela estarão expostos equipamentos específicos de cunho biológico (biótopos artificiais para nidificação ou alimentação de aves, anfíbios, pequenos mamíferos da região etc.) com o objetivo de envolver, através de gestos, atividades físicas ou mera observação de animais o cidadão educando. Por outro lado haverá instrução geológica sobre a região com cortes na cava e interpretação dos perfis nela encontrados. Mas também ao longo do lago, nas cavernas da região, os inúmeros abrigos geológicos que existem, nascentes, sumidouros e matas secas, enfim, todas as curiosidades científicas do carst serão abordadas inteligentemente. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 25 3.3.1.6 - Praça de esportes alternativos e fisioterapia em meio a natureza São praticamente ausentes os sítios para a prática de esportes com fins terapêuticos. Terá uma pista de Cooper, mas também uma pista para exercícios em cadeiras de rodas, campos de esporte alternativos etc. Poderão ser incluídas quadras de esporte convencionais e play ground’s para crianças. Nesta área serão realizadas, por exemplo, anualmente as paraolimpíadas regionais/nacionais. A infra-estrutura para esta parcela do parque pode ser angariada através de convênios com órgãos públicos e empresas privadas afins (promotores). HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 26 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 27 3.3.1.7 - Laboratório e exposição de métodos de reabilitação ambiental Em área específica serão adotados os mais diversos métodos de reabilitação de áreas degradadas, em pequenas áreas demonstrativas moldadas e elaboradas de forma exemplar. Esta atividade poderia estar acoplado ao Horto como idéia da escola voltada para este assunto. Conforme o texto citado na introdução: “La filosofía esencial de la utilización del patrimonio minero como alternativa de desarrollo de las regiones mineras consiste en estudiar las posibilidades de recuperación de la zona desde todos los puntos de vista, no exclusivamente desde el medio ambiental o paisajístico. Cualquier proyecto que intentara devolver algunas áreas con grandes explotaciones a su estado natural inicial -tras un largo período de tiempo de actividad- no solo seria imposible o inviable sino que no estaría teniendo en cuenta el futuro socio económico de las comunidades del entorno.” Neste contexto serão criadas áreas demonstrativas com os vários métodos ao longo da história e modernidade. O objetivo é sensibilizar o cidadão para o esforço que é gerado pela mineração (e não por outros setores da economia brasileira). Os resultados são visíveis, inclusive com transferência de tecnologia para outros setores como a construção de estradas entre outros. No Brasil o cidadão precisa ser conscientizado da importância que o setor mineral exerce na ciência aplicada no país. 3.3.1.8 - Auditório para shows de grande porte Para shows musicais será escolhida uma área dentro da cava própria para abrigar muitas pessoas e estacionamento de carros, bem como toda infraestrutura necessária para eventos musicais de grande porte. Este tipo de serviço está precariamente atendido em toda região metropolitana de Belo Horizonte. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 28 HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 29 3.3.2 - Paisagem do entorno da lagoa Sto. Antônio O entorno da lagoa Sto. Antônio está na atualidade sendo ocupado com fins residenciais. As áreas marginais estão sendo adquiridas pela mineradora o que permite um planejamento para usos futuros nos seguintes termos: 3.3.2.1 - Projeto permanente de arborização urbana Os loteamentos a montante da lagoa Sto Ant. tendem à baixa qualidade de vida em função de uma arborização precária. Ao mesmo tempo a própria lagoa está sujeita ao assoreamento em função do uso intenso de suas margens a montante. Por esse motivo faz -se salutar um cuidado permanente da arborização de rua, mas também dos terrenos nestas áreas urbanas. Será feito uma campanha permanente de cuidado, dentro do espírito do plano diretor do parque acima citado. 3.3.2.2 - Reflorestamento das margens - mutirão didático Por exemplo: Cada visitante poderá plantar, em um local previamente escolhido, árvores com orientação de alunos de plantão ou estagiários especialmente convocados para tal. 3.3.2.3 - Criação de corredor faunístico entre a cava a mata de preservação e a lagoa Será delineado o reflorestamento com nativas de uma faixa que unirá a lagoa acompanhando a borda externa da cava e dirigindo-se a mata de preservação mais a norte. A continuidade florestal e a revitalização faunística da região, nesse caso, é o objetivo. Assim como este, serão criados outros corredores de menor proporção, a título de enriquecimento ambiental. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 30 3.3.2.4 - Implantação de área de lazer (Piquenique) Para uso recreacional permanente, com controle ambiental impresso através de regras claras e equipamento controlador, instalado especificamente, será criada uma área de lazer para acampamento e piquenique. A área será escolhida com o critério de limitar possíveis impactos ambientais associados aos usos previstos. A concepção destes usos será moderna e não permitirá a transgressão costumeira exercida em áreas de lazer abertas ao público no Brasil. Isto será conseguido através de uma inteligente distribuição dos equipamentos, facilidades e restrições de uso, impostas por um monitoramento e educação ambiental contínuos. “Lo que hay que tener muy claro para emprender este tipo acciones, es que cualquier tipo de proyecto que se intente abordar debe de conjugar aspectos multidisciplinares - tales como estudios antropológicos, arqueológicos e históricos- que traten de dar explicación a los cambios que se han ido produciendo en el trabajo industrial -procesos productivos, relaciones sociales, tecnología, etc.-, en los modos de vida dentro de la explotación y en las comunidades, permitiéndonos todo ello la comprensión de la cultura minera desaparecida y el conocimiento de las condiciones socio-laborales en las que se vivía. Este tipo de proyectos convergen hacia los denominados e comuseos museos abiertos , o parques culturales donde se abandona la idea de museos estáticos y se enfoca hacia un modelo más dinámico y con una importante carga de aspectos humanos, donde los elementos se encuentran in situ e incluso en funcionamiento, y donde normalmente se puede apreciar, además, el trabajo manual y artesanal.” HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 31 4 - CONCLUSÕES A idéia, por fim, requer uma constante atualização. Ela ao mesmo tempo demanda uma pesquisa detalhada de opinião pública e mercado. Para a região metropolitana de Belo Horizonte este projeto poderá funcionar como âncora para uma nova concepção de educação e informação ambiental, baseado no princípio do “aprender fazendo”, associando a educação formal à informal, bem como promovendo a integração multidisciplinar de assuntos e recursos. Certamente, ao longo dos anos, ainda antes de sua implantação este projeto requer maior aprofundamento e detalhamento, quanto as atividades nele propostas. Ademais, os equipamentos e instalações concebidas, terão interesse público e terão que ser examinadas com critério social para não comprometer financeiramente uma única instituição ou empresa. A idéia trará benefícios desejáveis local e regionalmente, fato que deve ser fomentado e valorizado durante o seu planejamento e sensibilização de fontes de recursos, além dos da Holdercim. O potencial de um parque dessa categoria, sob controle do setor privado tem excelentes chances de proliferar e tornar-se um foco de atenção regional, uma vez que os cuidados e interesses deste estão associados a qualidade total requerida e alcançada pelo grupo Holdercim. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 32 5 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AB’SABER, A.N. 1977. 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HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 35 ANEXOS HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 36 ANEXO 1 - DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 37 FOTO 1 - Vista nordeste da área de concessão, onde percebe-se a floresta estacional decidual no afloramento e pastagens. FOTO 2 - Vista leste da cava, com vegetação secundária acima das bancadas, já bastante alterada. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 38 FOTO 3 - Unidade de britagem e transportador de correia. FOTO 4 - Pilha de estoque de argila e, ao fundo, Lagoa de Santo Antônio. HOLDERCIM BRASIL S.A. - PEDRO LEOPOLDO - MG - HOL01001.DOC CONCEPÇÃO DE USO FUTURO DA MINA FAZENDA CAMPINHO E ÁREAS PERIFÉRICAS 39 FOTO 5 - Aspecto geral do afloramento calcário, coberto por floresta estacional decidual.