Page 18 MAPEAMENTO AMBIENTAL INTEGRADO
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MARKUS WEBER
fragmentada. A responsabilidade na modificação da superfície de uma
paisagem muitas vezes esbarra na falta desse conhecimento, de um mapa
e de um texto descritivo em que o meio físico, o meio biótico e o meio
socioeconômico estejam integrados. Esse é o propósito do mapeamento
de unidades funcionais que apresentaremos neste livro.
Diante dessa inexorável importância do tema, algumas ferramentas
básicas devem ser consideradas logo de início. A noção de escala representa
o primeiro exercício para uma visão integrada quando saímos de casa
todas as manhãs. Isso porque o estudo da Ecologia abarca, desde a escala
microscópica até a escala cósmica! Vejam que as relações ecológicas podem
se manifestar tanto em um pequeno vaso de flor, no qual algumas minhocas
interagem com bactérias, fungos e outros seres do solo físico, enquanto
alguns insetos polinizam a flor, até a escala planetária ou mesmo extrater-
restre (muito dinheiro é investido na busca de exoplanetas e na imaginação
de como funcionaria seu meio ambiente — Exoecologia — por exemplo).
Nesse contexto de abrangência, é temerário não imaginar um limite de escala
para definir uma análise ecológica de um espaço geográfico considerado,
seja ele “ultramicro” ou “ultramacro” na sua concepção. Especificamente,
no ramo da Ecologia da Paisagem, a abrangência de escala tem seu limite
próprio, dado subjetivamente por um limitador presente em nosso dia a
dia, qual seja o conceito de paisagem.
Esse conceito tem inúmeras definições, diferenciadas por autor e
abordagem. Há as definições subjetivas que encerram beleza e contempla-
ção: a paisagem como elemento estético, dada pela composição ímpar de
seus elementos, motivo de inspiração artística, nas belas artes e técnicas
de paisagismo. Esse aspecto do conceito de paisagem tem fundamental
importância. Inspirou grandes pintores renascentistas, bem como a cultura
cotidiana em regiões com paisagens deslumbrantes, algumas delas patrimô-
nio da humanidade. O conceito estético em seus pormenores é inesgotável
na sua essência, e cabe aqui sugerir ao leitor uma consulta exclusiva sobre
esse interessante tema.
Neste livro, lidamos com um aspecto um pouco menos passional da
paisagem, isto é, seu caráter geográfico-ecológico inserido em um território
previamente delimitado. Nesse caso, interessa-nos um assunto não menos
fascinante, que é a delimitação de espaços funcionais ecológicos que seus
elementos físicos, bióticos e antrópicos detêm.
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